segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pause to reFRESH

Volto com notícias do lado de cá e mais uma dica cultural em terras cariocas. Acontece amanhã mais um encontro Fresh. Com a temática "A arte dos quadrinhos e do grafite na moda", o evento traz dois representantes do Flesh Bleck Crew, grafiteiros que colorem e enfeitam a cidade sem poluir, além de Paulo Jardim da Redley e Carlos Alexandre Monteiro do blog Tudo está rolando da Globo.com. Assunto atual e divertido, digrátis e com coquetelzinho antes. Vai perder essa? Amanhã, 14/10, a partir das 19 horas no Senac de Copacabana, Rua Pompeu Loureiro, 45.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Notícias do lado de cá


Semana passada, saiu no jornal O Globo, mais precisamente na Revista de domingo, uma reportagem sobre o Instituto Rio Moda, iniciativa que pretende pensar a Moda através de workshops – uma formação à la carte visando complementar a acadêmica. Por enquanto funcionando em um escritório provisório em Ipanema, o grupo estuda possibilidades de mudar-se para uma casa no mesmo bairro, com espaço suficiente para as idéias de instalação de exposições e uma biblioteca com livros, revistas e DVDs dedicados ao assunto.


A programação das atividades com datas definidas já estão disponíveis no site, sendo a primeira das tantas outras atuações pensadas, como a criação de uma revista de nome Modda, a Associação Brasileira de Profissionais de Moda e por aí vai. O preço dos workshops não estão lá muito acessíveis: R$428,00 à vista ou R$450,00 em 3 parcelas de R$150,00, porém os profissionais envolvidos são nomes de peso e é bem possível que não haja arrependimento no investimento.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A vitrine é uma caixa...

Sylvia Demetresco, em "Vitrina: construção de encenações", esboça uma comparação entre a caixa de Pandora e a vitrine, afirmando que ambas “são espaços fechados e imaginários que enclausuram a promessa de ilusão e de felicidade, de esperança e de surpresa. Ambos anunciam melhoria de um estado atual porque prometem uma transformação a partir do que mostram”. A partir dessa idéia, postarei imagens de vitrines internacionais, coletadas por pesquisadoras e incluídas num material recebido no evento da Marles. Além das roupas expostas, trazem conceito na elaboração. As manequins-vivas são um convite a indagação do que é real ou não. Divirtam-se!


Viva a Universidade Alternativa!

Sei que está muito frio por essas terras cariocas. Nada de barquinho e violão e passar com doce balanço a caminho do mar por esses dias gélidos. E que vai ser dose acordar cedinho no sabadão, mas será por um bom motivo: acontece amanhã, a partir das 8 da manhã (!), a Jornada de Moda, Fotografia, Cinema, Rádio e TV da Universidade Estácio de Sá, com programação diversa, dedicada a todos os assuntos e interligando uns aos outros. As inscrições poderão ser feitas pelo site. Programação disponível no site também.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Senta que lá vem a História...

Na última aula do curso de Jornalismo de Moda, com a Iesa Rodrigues, aprendemos, além das nomenclaturas de mangas, com seus respectivos desenhinhos, um síntese da história da moda de fins do século XIX e início do XX. E dentro do resumo, um resumão dos grandes nomes da época. São eles: Jeanne Paquin, Paul Poiret, Madeleine Vionnet e Madame Grés. Dentre a francesada, tendo já Madame Grés seu espaço cativo no blog, nos ateremos a Jeanne Paquin (para os leigos em francês, lê-se Pacã).

Nascida em 1869, em Saint-Denis, Paquin estudou na Maisson Rouff. Pioneira de Paul Poiret, apresentou o vestido de corte império em 1906. Fez uma roupa confortável e arredondada, livrando as mulheres das amarrações do espartilho. Em 1914 fez o primeiro desfile com música, entendido como um espetáculo, apresentando uma coleção chamada “Tango”. Levava as modelos para corridas de cavalo, já que não havia passarela, e assim divulgava suas criações – demonstração de toda tradição do comprometimento com a moda da high society freqüentadora dos jóqueis.

A estilista foi precursora na abertura de filiais estrangeiras, tendo além da maison francesa, uma em Buenos Aires, outra em Madrid, outra em Londres. Segundo fontes, Jeanne Paquin teve o mesmo prestígio que Charles Worth em sua época, mas nos dias de hoje é dificilmente lembrada e/ou valorizada pela contemporaneidade. Uma pena...



quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Gladiadoras na Arena

O Arena da Moda trouxe ontem um apanhado geral das tendências de Verão 2009, divididas em Seventies, Urbano, Romântico e Oriente. Confirmações do que já vimos desfilados por aí, como a já falada influência dos anos 70 - que segundo Constanza Pascolato é a década preferida das brasileiras -, tecidos fluidos, franjas, transparências, babados e laços. Na moda masculina, vimos sobreposições, mistura de estampas e acessórios como chapéus e suspensórios. Silks roquenrol e com frases libertárias também marcaram presença. Os looks monocromáticos chamaram bastante atenção. Nos pés, as sandálias gladiadoras e tênis coloridos, em tons cítricos. Os dândis urbanos da Reserva fecharam o segundo desfile. Por fim, na passarela com alguns minutos de atraso, mais vestidos com tecidos fluidos e leves, babadinhos e laços. Apareceram as flores miúdas e estampas divertidas, além daqueles que arrancaram "uhús" e "fiu-fius" da platéia: os atores Fernanda Lima, Rodrigo Hilbert e Fiorella Mattheis.

Franjas seventies e o babado forte abaixo. E algo que faz as enroladas comemorarem: os cabelos são cacheados e naturais.

Estampa étnica no vestido levinho

Cada um com seu quadrado: a camisa e a bermuda, em diferentes tons de azul

Por fim, algo que deveria ser tendência nas nossas vidas...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Arena Fashion

Começa amanhã e vai até o dia 30 de setembro, o Arena da Moda. O evento, que acontece no shopping Leblon no Rio de Janeiro, ocorrerá concomitante aos lançamentos de Primavera/Verão 2009, onde as principais lojas apresentarão 3 looks das suas novas coleções. Além de desfiles, novidade da edição desse ano, acontecerá workshops e um lounge exclusivo com computadores a disposição dos passantes que desejarem enviar dúvidas sobre moda para os profissionais do Caderno Ela. Mais, no site do Shopping linkado arriba. A programação infelizmente não está disponível, mas assim que soubermos de algo, divulgaremos aqui.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Gol do Ronaldo!


Hoje aconteceu o Jeans Tudo na Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, que contou com a presença do estilista Ronaldo Fraga. O evento é uma iniciativa da Santana Textiles, grupo criado em 1963 pela família Delfino, que originalmente dedicava-se a fabricação de redes (sim, aquelas de deitar). Hoje em dia produzem 7 milhões (!) de jeans por mês. É no projeto Loco Serious Denim que entram criadores responsáveis pelo trabalho de um jeans louco, mas levado muito a sério – a quantidade da produção reafirma essa seriedade. E é nessa loucura que entra, dentre outros nomes, o de Ronaldo Fraga.

O estilista iniciou a conversa falando sobre Drummond, coisa que não surpreende a quem conhece um pouco de sua trajetória, já que o diálogo com a literatura, a música ou como ele mesmo afirma, “as histórias que ouve e conta” são características comuns no seu trabalho. Ronaldo falou sobre as tendências e de como esse discurso é desimportante diante a gama de possibilidades de nosso mundo – contra aquele discurso de ascensão de um, enterro do outro. Falou da preguiça do debate “moda é arte?”. Em sua opinião, moda é cultura, é filosofia, e por isso o diálogo com as artes, a arquitetura é possível e comum.

Além disso, discorreu sobre a importância do empreendedorismo e da relação de dependência mútua entre o criador e do gestor. Questões que naturalmente vem à tona ao se criar: como vender? E se moda é mesmo cultura, como vender cultura? Como fazer com que as pessoas desejem o que você cria? É aí que entra o gestor, responsável por criar soluções rápidas que dêem continuidade a criação.

Ronaldo explicou como funciona o processo de criação, desde a cenografia, passando pela música e a produção final. Tudo dotado de um forte senso estético e sensorial: ele cria uma máquina de sonhos que reúne o desejo de ter com o desejo de viver a sua proposta. O mineiro foi bom pra mais de metro! Respondeu tudo com eloqüência e simpatia. E com muita disposição para aconselhar os muitos estudantes, ávidos por saídas para suas questões: como entrar no mercado, como se destacar e etc. Deixo abaixo curiosidades de backstage, reveladas pelo criador, que nos ajudam a entender o quanto os seus sentidos apurados fazem sentido.

Os 3 looks abaixo foram da coleção "A China" de inspiração já óbvia no nome. Ronaldo pensou na ancestralidade do país, em imagens antigas.



As seguintes são da coleção "A Loja de Tecidos", inspirada na história do Ronaldo. No rasgo, no cheiro, no barulho dos tecidos. São lembranças de sua vivência em uma confecção, no início de sua carreira. Os bordados são feitos com materiais de plástico e o cenário, composto de tules, são recriações de antigas peças do estilista.


A porta simboliza o convite para adentrar :-"entre, a casa é sua". As meias eram na verdade, uma pintura no corpo das modelos, como se fossem croquis de moda.


E por último, "São Francisco", inspirada no Rio e em toda essa história de transposição. O cenário representam a salubridade do rio. As modelos usam uma viseira de canudinhos, inspirada na lenda ribeirinha do Caboclo D'água. O acessório serve também para igualar as modelos. No início, muitas cores: é a nascente do rio. No decorrer do desfile, o rio vai ficando turvo e as cores vão sumindo até que o Rio se torne um depósito de sujeira e esqueletos de peixe...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Quentinhas do Inverno

Ontem fui ao lançamento da coleção outono inverno 2008/2009 da Marles, que apesar de mais voltada ao mercado têxtil, pela razão óbvia de ser uma malharia, trouxe tendências e informações atualíssimas com a palestra de Luciana Parisi, consultora do Senac Moda. Fotos de looks e vitrines internacionais, tiradas na semana passada, ajudavam a ilustrar o discurso fresquinho. A apresentação, com o título “Tendências e Confirmações Inverno 2009”, foi dividida em 4 focos: chalet-chic, folk dolls, bad girl e power lady. Abaixo as pontuações com características marcantes de cada um.

Chalet-chic ou country live: natureza, vida rural, cenas britânicas de caçada (sofisticação) x country americano (moda jovem) que se refletem em: xadrez, coletes, lenços, suéteres, tricô, couro, franjas, franzidos e babados, animais, referências grunge, botas, acessórios em camurça.

Folk dolls ou bonecas russas: liberdade, boho-chic, nomadismo, artesanato, viagens solitárias, autenticidade que se refletem em: contraste de formas e volumes (mangas volumosas, por exemplo), camadas (sobreposições), túnicas, batas, manga balão, costumização (com aviamentos, por exemplo), saias e vestidos rodados (saias russas), pantalonas, estampas florais, patchwork, meias-calça coloridas.

Bad girl: elementos mágicos e macabros, Era Vitoriana, Belle Époque, gótico, que se refletem em: transparência, rendas, volta do espartilho, baby doll, um ombro só, decote império, anquinhas (seja em babados ou sobrepoisções ou no corpete mesmo), jaquetas masculinas (novos cortes), manga presunto, amplo x skinny (o skinny cada vez mais skinny), leggins de couro, t-shirts com silk roquenrol, matelassê, corte a fio, fivelas, alfinetes (referências punk), estampa de piton.

Power lady: origami, minimalismo (na construção e na fabricação), masculinidade, super-heróis, formas exageradas, feminismo intelectualizado, Saint Laurente dos anos 70, conforto, que refletem em: formas geométricas e arquitetônicas, linha A, ombreiras (!), golas exageradas (espaço de destaque para a cabeça), linha casulo, vestido tubo ou cocktail numa releitura, cintura no lugar, calças baggy na altura do tornozelo com pregas imensas, fendas e dobraduras, recortes anatômicos, estrutura e acabamento tecnológico.

Ganhamos um kit com uma bolsinha contendo uma blusa em malha super gostosinha, CD com a palestra e muitas fotos. E é o conteúdo do CD o que ilustra o post e nos ajuda a visualizar melhor os conteúdos.
Tons outonais, silhueta marcada

Hippie-chic

O roxo continua em alta

Atitude rocker + imitação de pele

Anos 70 em releitura; calças sarouel

O étnico e o geométrico

Matelassê e jaqueta de couro

Os xadrezes do próximo inverno são maiores

terça-feira, 2 de setembro de 2008

My-chael

Pedófilo, louco, gay, black or white: não importa. A verdade é que sem ele, muito do que é o pop hoje, não seria o pop. Estou falando do cinqüentenário Michael Jackson, logicamente. Com um apelo visual incrível, Michael enlouquecia de crianças a velhinhos – lembro bem de como minha avó era louca por ele –, e apesar de todos os escândalos envolvidos com seu nome, mantém uma legião fiel de fãs até hoje. Fãs esses que muitas vezes tornaram-se os artistas queridos do atualmente, afinal, o que seriam dos Justins e Ushers se não fosse Michael abalando as estruturas com seus pezinhos e passos inconfundíveis? Infelizmente a coroa do coroa não é mais aquela... Felizmente seu legado fica e de quando e quando aparecem candidatos a rei, apesar de não chegarem perto dos seus números e conquistas. Além do mais, quantas pessoas batizaram seus filhos de Michael? Ou o correspondente aportuguesado "Maicon"?! Agora Justin, não conheço nenhum... Separei imagens coletadas por aí que correspondem ao tal “apelo visual” na produção.





quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A hora da estrela


Álvaro Costa e Silva escreveu, em reportagem recente, que gostaria de ter conhecido Clarice Lispector, apesar do risco de decepção comum quando se trata de escritores. Sempre achei que o que me interessa é lê-los e não ouvi-los. Mas não é que com Clarice eu também abriria uma exceção? Além do mais, é constatável que a sua desenvoltura com a palavra falada é mesmo parecida com a palavra escrita, apesar de serem tão diferentes... Pude constatar isso na entrevista disponível na exposição “Clarice Lispector / A Hora da Estrela” do CCBB.

É certo que quando estamos inseridos num universo, olhamos tudo a nossa volta de maneira diferente. Ou seja, incluindo um universo em outro. E na exposição, eu olhei as modas de Clarice: seu olhar bem delineado, suas roupas e seu modo de portar-se nas fotografias. Logicamente que não olhei apenas isso, além do mais, é uma mostra cheia de palavras... É especialmente interessante a parte em que há uma espécie de arquivo enorme, com gavetas guardando/contando sua história. É possível sentir-se naqueles filmes onde o investigador busca incansavelmente por provas que desvendem o mistério, apesar do mistério, nesse caso, ser algo difícil de decifrar. Nem mesmo olhando nos olhos, já o entendimento cabe a cada um.... Além disso, “ver é a pura loucura do corpo”.

A exposição fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 28 de setembro, de terça a domindo, de 10 às 21 horas.