segunda-feira, 31 de março de 2008

Peri e Cecil

Cecil Beaton nasceu logo ali em 14 de janeiro de 1904. Ganhou o Oscar de Melhor Figurino e outro de Direção de Arte por My Fair Lady em 1964. Antes disso, ganhou o Oscar de Melhor Figurino por Gigi, em 1958. Antes disso, abriu um estúdio em Londres/1929. Antes disso, teve uma fotografia da Duquesa de Amalfi publicada na Vogue - na verdade era um retoque da fotografia de seu amigo George Reynolds. Antes disso, interessou-se pelos instantâneos aos três. Encantava-se com os cartões-postais típicos da época. Quando aos 11 ganhou sua primeira câmera, utilizava-se de toda criatividade para ambientar enquanto sua mãe e sua irmã posavam. Cursou Arquitetura e História (cof), mas não se formou em nenhuma das duas. Continuava fotografando quem podia, antes, durante e depois, no entanto. Como um nascido em berço aurífero, soube aproveitar bem os contatos, desfilando com famosos da aristocracia e das artes. Na verdade, esses serviam de “modelo”. Durante a Segunda Guerra, trocou o glamour pelos bombardeios. Voltou à moda depois da Guerra, no entanto. Escreveu livros como Fotógrafos Britânicos (1944). Às vezes eu esqueço de meu discurso de que tudo é socialmente construído e reconheço coisas sendo estabelecidas bem “antes disso”.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Mais retratam, que retratos

Já que a série "álbum de família" fez algum sucesso, levanto a poeira e dou a volta por cima e conforme o prometido, posto mais algumas dessas maravilhas instantâneas.

Introduzindo, uma de minha mãe à beira da piscina tomando sua coca-cola. O óculos é uma belezura e o clima "tarde de verão" idem. Ao olhar a fotografia, lembrei de quando comprava-se filmes. No post anterior, já discursei a nostalgia do papel. Agora, celebro a facilidade da digitalização: definitivamente não precisar revelar o filme é prático.

A praticidade luta bravamente com o inesperado. Ganhar presente sem embrulho é uma das coisas mais sem graças do mundo, não é?! Na foto, meu tio e meu avô divertindo-se e divertindo.


Nessa, minha mãe lembrou-me a Débora Fallabela. Talvez pelo corte de cabelo meio Chuck, seu marido. Cintura marcada pela saia godê com botõezinhos. A blusa tem manga fofa.

Esse era o uniforme de trabalho de mamãe. Um terninho cor de vinho e riponga-jovem-guarda. A calça era pantalona.

É só, por enquanto. Prometo atacar a rinite novamente mais tarde.

terça-feira, 18 de março de 2008

O Império a seus pés e a seu corpo

E lá vinham os portugueses aportar em uma terra que nem noção do “nacional” tinha ainda, onde os habitantes nem sabiam como se denominarem: se brasilienses, se brasileiros. Com suas vestimentas exuberantes e suas perucas disfarçantes de cabeças carecas, a Corte Portuguesa há duzentos anos chegou ao Brasil.
A visita de médico na Bahia durou apenas um mês e em fevereiro de 1808 partiram para o Rio de Janeiro. O choque cultural foi inevitável: as tais perucas e os tecidos importados advindos dos “moldes” franceses, confrontados com as chinelas de dedo e a pouca roupa demandadas pelo clima tropical.
As portuguesas que se inspiraram nas francesas foram copiadas pelo povo ainda sem nome. Os turbantes, antes utilizados para cobrir as cabeças infestadas por piolhos, foram copiados pelas nativas, embora fizesse tanto calor. É a chamada “Moda Império”.
Para as mulheres, tecidos claros, decotes quadrados ou em formato de coração e corte abaixo do busto alongando a silhueta. Além disso, ouvia-se no Ipiranga e às margens plácidas européias o grito de liberdade dos espartilhos. As saias enormes saíram da moda, entrando em seu lugar aquelas com um leve franzido. Para homens, algo viril e elegante como as roupas inspiradas na vestimenta militar.
O conforto existia sem, no entanto, perder-se a elegância e a sofisticação. Em ocasiões especiais, as damas da Corte passeavam os seus vestidos bordados, de seda, com rendas. Analisando os veículos dedicados à moda dos dias de hoje, percebemos, trocando as letras com a obra do filósofo Gilles Lipovetsky, que o Império não é nada efêmero. No último Oscar, estavam lá os corações — no decote — à mostra e a marcação abaixo do busto também. Segundo a personal stylist Helen Pomposelli, em reportagem ao Jornal Hoje, da TV Globo, essa marcação exige postura, deixando a mulher elegante. O chamado “corte império” foi incrementado com os cintos largos.
Há cerca de dois anos, o filme Maria Antonieta, de Sofia Coppola polemizou com uma rainha fútil, mas que no fim das contas inspirou as chamadas princesas modernas. Até mesmo a grife de jóias H-Stern se inspirou na rainhazinha para compor a coleção do próximo inverno. O ar romântico — mais adulto agora — esteve presente nos desfiles internacionais da última temporada. O barroco complementa o estilo, que conta ainda com cores em tons pastéis e mangas fofas. Sem contar com as sapatilhas, cujos modelos são infinitos. É uma bela opção e os pés agradecem. O Império impera nas passarelas e avenidas, com muito conforto. E as mulheres modernas, que de rainhas do lar assumiram o posto de rainha de todo lugar, são princesas que não esperam sentadas pelos seus príncipes e por isso mesmo precisam de comodidade.
Foto 1 Anos 50: o twin-set tornou-se um clássico Foto 2 Estilo hippie nas vitrines dos anos 70 Foto 3 Romantismo inspirando a moda no século 17 Foto 4 Rendas e bordados copiados da moda européia Foto 5 Na época da colônia, o dourado significava status Foto 6 No século 15, veludo mesmo sob o calor. Fonte: Correio Web

Kirsten Dunst como Maria Antonieta e a original ao lado

Verão imperial da Tessuti 2005/2006

Victoria Beckham em vestido de tule da Dolce & Gabbana para a Vogue UK abril 2008. Fonte: Trendencias

sábado, 15 de março de 2008

Errei no ebó, acordei designer

Conheci através da revista Zupi dedicado ao desing, a ilustração e artes visuais em geral, o trabalho do norte-americano Marcus Antonius Jansen. Ele que estudou expressionismo na Alemanha e serviu na Guerra do Golfo, apresenta em sua arte o que chama de "Neo-Expressionismo-Urbano", mistura de expressionismo com artes urbanas, mais especialmente o Graffiti. Justifica o título afirmando que ambos os movimentos são expressões da necessidade de mudança. As imagens representam bem uma enchurrada de sentimentos, advindos de origens e experiências diversas, com um conteúdo "pop" de imagens do cotidiano.

healthy shopping


typewriter

Wohnzimmer


Dentre tantas imagens que chamaram quase gritando pela minha atenção na mesma revista, estavam a de Fabrini. Mágico e bem humorado, suas pinturas são reflexo de sua imaginação, ou como ele mesmo diz em depoimento na revista "ambos os elementos encontram-se na tela. Acho que todos os artistas são assim: tudo depende do meio em que se vive". Fabrini já teve contas encerradas em fotologs por conta de "pares de seios" expostos, apesar de não haver erotismo nisso. Odeia "Alice no país das Maravilhas" porque segundo ele, sonhos não precisam ser "um mundo cor-de-rosa com carneirinhos de algodão". Eu proponho um "Fabrini no País das Maravilhas".
marienkãfer


coração de copas

Vale bem à pena conhecer o trabalho dos caras nos respectivos sites Jansen e Fabrini

terça-feira, 11 de março de 2008

Descomputadorizada da vida....

Estou descomputadorizada e enloquecida e por isso não venho atualizando aqui. Me computadorezerei nos próximos dias. Desenlouquecer, no entanto...

Lamentável mundo novo

Da primeira vez, o susto. Da segunda e da terceira a confirmação: usar sutiã virou moda. Falo do sutiã substituindo a "blusa". Sim, sim... Meninas suburbanas identificáveis como do movimento funk, adotaram o visual sutiã mais short ou qualquer coisa curtíssima na parte de baixo. Esse que já foi usado como utilitário de contestação de uma sociedade femininamente opressora, que passou por mudanças em pról do conforto e da sensualidade, sendo tão "banalizado" . Sinônimo da prórpia banalização dos valores - imagine você onde foi parar a emoção do primeiro sutiã?! Imagine você ligando para a amiga e perguntando:"oi, Ju! Com qual sutiã você vai?!". A sexualização da mulher no citado movimento é sustentada pelas suas próprias integrantes, que no momento em que colocam suas sainhas, sentem-se as rainhas do baile. É possível sentir-se deliciosa vestindo um longo que cobre todo o corpo. É possível sentir-se querida sendo chamada de "querida", ao passo que é possível sentir-se assim, sendo chamada de "cachorra". No fim das contas, fica uma coisa meio Trainspotting: choose isso, choose aquilo... Mas a meu ver, escolher resumir-se é pequeno. Com um suspiro de fim de texto eu afirmo: sou mulherzinha demais pra isso...

P.s: não tinha a intenção de que o texto fizesse referência ao Dia Internacional das Mulheres, mas até que veio a calhar...