quinta-feira, 29 de maio de 2008

Mulheres reais

Graças aos meus bens relacionados sogros, pude ir conferir a abertura da exposição “Mulheres Reais - Modas e Modos no Rio de Dom João VI”, anteontem, aqui no Rio. A proposta explícita no nome é a de remontar a moda da época, remontando os modos. Apesar do desconforto das legendas estarem ao lado ou atrás das peças, a exposição é rica em detalhes e em dados históricos. Traz, em uma espécie de casa de madeira cheia de espaços para o telespectador assistir - algo como olhar pela fechadura de 200 anos atrás -, duas atrizes encenando o dia a dia de uma mucama e sua senhora. Logicamente enquanto a negra trabalha, a senhora cochila serenamente. Os escravos eram suas mãos e pernas, certo?! Algo que me chamou bastante atenção foram os trajes das africanas, pouco explorados pela historiografia da indumentária e a novidade de que elas desfilavam a riqueza de suas donas, enquanto essas passeavam com véus e roupas pretas. As negras eram o mostruário da riqueza da senhora. As roupas sombrias destas, muito se assemelham a burca muçulmana, mas chegam a ser mais “severas” por conta da "escuridão". Além das recriações, a mostra traz acessórios e trajes do Museu Nacional do Traje de Lisboa, do Museo del Traje de Madrid e do Wien Museum - Mode Depot de Viena e jóias de escravas do acervo do Museu Costa Pinto de Salvador. Conta ainda, com um espaço de peças criadas por estilistas como Marcelo Sommer e Isabela Capetto. Prometo postar fotos depois que voltar lá com máquina em punho. Aos interessados, a exposição fica em cartaz até o dia 6 de julho e a Casa França Brasil funciona de 10 às 20 horas, de segunda a domingo, digrátis.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Estilo de música

Se a Internet é o anticristo, bandas musicais são como pragas disseminadas por ela. No bom sentido, a meu ver. A pós-contemporaneidade, que antes era apenas uma maneira debochada que eu usava para designar coisas pra lá de modernosas, é um termo usado da fato. Experimenta jogar no Google! A palavra aparece referindo-se à um tempo onde a arte está ligada estritamente à tecnologia: o nosso. A imagem nesse caso é a protagonista da história. Os movimentos musicais há tanto acompanhados de comportamentos e modos, precisam cada vez mais “manter uma imagem”. Dentre a enxurrada de bando de bandas, duas não tão novatas (a que surgiu ontem já é so last century), pós-contemporâneas talvez, fazem bonito. The Long Blondes e The Sounds. Ambas “The”, com vocais femininos e músicas divertidas e dançantes. A primeira, um quinteto de Sheffield, com três branquinhas de cabelo preto e dois rapazes. A segunda, um quinteto com uma loira e quatro rapazes. A inglesa iniciada em 2005 é formada por bibliotecários e já abriu shows do Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs. Kate Jackson, além de vocalista e única não ligada aos livros, cria a arte das capas. A sueca, tem a clássica história de amigos de colégio se reunindo pra fazer um som. Maja Ivarsson, a vocalista, declarou que quer ser a melhor vocalista do século. Enfim, abaixo imagens valendo mais que mil caracteres.

The Long Blondes: retrô, modernoso, anos 50, nerd













The Sounds: visual mais preto e branco e dá-lhe femme fatale!
















Os primeiros são coloridos e os segundos mantém a fama de mal com pagação de calcinha















segunda-feira, 26 de maio de 2008

Literatura na Moda

Existem tantas maneiras de se descrever as coisas. O que faz um escritor um escritor é a maneira peculiar, sensível, sutil de perceber o que o cerca. Um escritor antes de tudo é um "perceptor" (que percebe o que recebe). Estou lendo Cem Anos de Solidão. É emocionante, surpreendente e lotado de percepçõezinhas da realidade. Chamou minha atenção logo no início da narrativa as “anáguas de cambraia” da Dona Úrsula – matriarca dos Buendía. Lembrei das saias fininhas usadas por minha avó por baixo de outras saias. Servia para inibir a transparência e/ou dar forma (de balão, de sino). Lembrei de quando nas festas de São João, minha “vó” engomava nossas anáguas com maizena a ponto de ficarem pesadas. Essas tinham várias camadas e sobressaias e eram enfeitadas com lacinhos, imitação do estilo vitoriano. Minha mãe, quando “mocinha” usava para esconder as vergonhas saradinhas. Joguei no Google e achei desde sugestão de anáguas para as Lolitas modernas, até uma descrição da moda das baianas. No primeiro caso, pensei nos velhos modos voltando com outras “intenções”. No segundo, exatamente a permanência “delas”. Sejam boas, más ou mesmo segundas é bom percebê-las ao modo dos escritores.
Delicada com rendaDe tule. Visual Gothic Lolita

Mais tule, mas agora na versão "forro"

Passei por um aniversário, um assalto, uma entrega de projeto final, algumas crises alérgicas e de criatividade e por isso abandonei isso aqui. Mas agora, prometo ao povo que posto( com frequência).