quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A hora da estrela


Álvaro Costa e Silva escreveu, em reportagem recente, que gostaria de ter conhecido Clarice Lispector, apesar do risco de decepção comum quando se trata de escritores. Sempre achei que o que me interessa é lê-los e não ouvi-los. Mas não é que com Clarice eu também abriria uma exceção? Além do mais, é constatável que a sua desenvoltura com a palavra falada é mesmo parecida com a palavra escrita, apesar de serem tão diferentes... Pude constatar isso na entrevista disponível na exposição “Clarice Lispector / A Hora da Estrela” do CCBB.

É certo que quando estamos inseridos num universo, olhamos tudo a nossa volta de maneira diferente. Ou seja, incluindo um universo em outro. E na exposição, eu olhei as modas de Clarice: seu olhar bem delineado, suas roupas e seu modo de portar-se nas fotografias. Logicamente que não olhei apenas isso, além do mais, é uma mostra cheia de palavras... É especialmente interessante a parte em que há uma espécie de arquivo enorme, com gavetas guardando/contando sua história. É possível sentir-se naqueles filmes onde o investigador busca incansavelmente por provas que desvendem o mistério, apesar do mistério, nesse caso, ser algo difícil de decifrar. Nem mesmo olhando nos olhos, já o entendimento cabe a cada um.... Além disso, “ver é a pura loucura do corpo”.

A exposição fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 28 de setembro, de terça a domindo, de 10 às 21 horas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Que bonito é...

Hoje vou falar das bases das descrições dos desfiles com suas respectivas exemplificações, aprendizado da última aula do curso e algo muito útil para aqueles que pretendem a escrita da moda. Aprendemos as etapas dessas descrições, se possíveis acompanhadas do desenhinho, o que facilita a identificação e no vai-e-vem da passarela agiliza a vida. Primeiramente as formas das roupas, se são soltas ou ajustadas, enviesadas, geométricas, volumosas, estruturas. Depois vêm as cores, cujas nomenclaturas podem variar de estação para estação. Tipo o vinho que é/já foi, bordô e beringela. Posteriormente os tipos: casual, esportivo, requintado, clássico, básico, contemporâneo. As nomenclaturas também têm as suas variantes nesse caso e o vintage foi apontado como um desses que estão caindo no desuso. E tem também os detalhes: rendas, estampas, bordados, babados, nervuras, aplicações. E finalmente, as referências, que podem ser a arte, a natureza, a história ou até mesmo coisas pessoais. Discutimos inclusive, estilistas que não possuem referência. A partir daí a discussão enveredou para o assunto cópia – os tais que “copiam” suas referências –, mas isso é papo que não cessa e para outro momento.
Naturalmente que não é receita de bolo e a ordem dos fatores não altera o texto. Mas não é que aumentam as chances do bolo não solar? Abaixo coloco a crítica do desfile de Verão 2009 da Osklen, retirado do Chic:
Um desabado elegantérrimo marca as linhas do verão da Osklen. Desabado, sofisticado e menos jovem (tipo) do que de costume; Osklen está flertando, desta vez, com uma mulher mais madura, mais segura de si, que ousa vestidos fluidos e longe do corpo , sabendo que para ser sexy não é preciso ser óbvia. O vestido-camiseta cinza mescla que abriu o desfile já deu o tom do que seria coleção: molenga e centrada em cores neutras com pontos de brilho (cores e tipos) (e, mais tarde, com brilho de cores). Os homens da Osklen vão usar calçonas cheias de pregas, franzidos e panos, junto a paletós enrolados no corpo e camisetas macias ou camisas tingidas e degradê (detalhes). As mulheres vão usar roupas de corte assimétrico, com muitas sobreposições de peças numa grande e bela variedade de materiais – da mais fina seda ao mais orgânico algodão, chegando ao mais tecnológico dos metalizados, tendo como ponto alto os tricôs unissex com acabamento metalizado (detalhes). A inspiração da coleção é de muitas das estampas foi uma homenagem à cultura japonesa (referência), tema desta edição do SPFW. Oskar fez uma bela e elegante coleção; ele só tem que cuidar para que a próxima não seja elegante demais! É um risco que a marca está correndo.
ATENÇÃO! É correr com o caderninho, passando pra ele tudo que se vê!

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Por EX-emplo...

Admiro a ousadia de ser "ex-alguma coisa". É preciso coragem para abandonar algo em prol da tal felicidade. No entanto, é possível utilizar um quê do “ex” nas novas empreitadas. Alix Grés foi uma dessas. Uma francesa nascida em 1899, que desistiu do velho sonho de ser escultora para dedicar-se a criação de roupas. De “ex-cultora”, Grés manteve a sensibilidade e habilidade com as mãos nas suas novas invenções. Verdadeiras obras de arte, os vestidos eram criados manualmente, no corpo da manequim, técnica chamada draping/moulage.
Inicialmente, ela criava modelagens e as revendia para salões de alta costura. Em 1934, decidiu criar a sua própria maison, com o nome de Alix Barton, infelizmente fechada no período de escassez da 2ª Guerra Mundial, mas felizmente reaberta após o seu término, agora com o nome de Madame Grés, para o delírio das madames cinquentistas, como a princesa de Mônaco Grecy Kelly, que eram transformadas em verdadeiras deusas gregas com os belos vestidos de Grés.
Nos anos 80, época em que a alta costura sentia o peso do prêt-à-porter e as grandes maisons corriam para aumentar e “industrializar” a produção, Madame Grés, apesar dos esforços, não conseguiu a adequação aos novos tempos e enquanto eu vinha ao mundo, em 1984, a loja era vendida para o francês Bernard Tapie. Três anos depois, no entanto, o salão era fechado, mergulhado em dívidas. Em 1988, era vendido novamente, dessa vez para o grupo japonês Yagi Tsusho Limited e apesar de ter recuperado a maison, era tarde demais para que a senhora Grés se recuperasse das quebras que tanto a abalaram. Morreu praticamente no anonimato, em um asilo na França. Para a felicidade geral da nação admiradora, restam os registros. Inclusive em março desse ano, no Metropolitan Museum, houve uma exposição das criações da Madame.

Você é ex-alguma coisa? Conte um pouco sobre isso pra nós!

Um bom final de semana para todos exs-alguma coisa e atuais outras!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Time goes by...

Qual a diferença entre o charme e o funk? E entre Britneys e Aguileras? E a Madonna?! Ah sim, a Madonna... A diferença é o conteúdo. Dizem por aí que ela fez escola, mas a verdade é que até agora não formou ninguém. Entre recuperações e reprovações, não salvaram-se todas. Tentei de todo jeito fugir de um tema um tanto abordado ultimamente que é o cinqüentenário da Diva, mas não resisti. Sobretudo após assistir especiais com ela e confirmar sua inteligência e consciência artística. A libertação e a linguagem sexual era algo dotado de sentido, como continua tendo sentido que as coisas tenham mudado e mudado e mudado. Naturalmente fará sentido que venham a mudar.

Como já falei aqui diversas vezes – meu compromisso “histórico” me condena –, sobre o traço acompanhar o tempo, é curioso observar as contribuições de Madonna para a Moda, que aliás, também não são novidade pra ninguém. A Diva tem e sempre teve um "compromisso" estético. E se hoje conta com nomes como Tom Ford e Gaultier - antes conhecido apenas em Paris e apresentado ao mundo pelos sutiãs "iconeográficos" -, já ditava moda com um estilo punk-oitentista. E sem essa de breguice! É autenticidade somada aos tais traços da época com pitadas a mais de ousadia, certamente.



No mais, o que uma revista feminina discursa por aí é o que fica: chique é ser inteligente. Madonna é os dois e por conta disso seu reinado permanece intacto. E a coroa?! É uma senhora coroa!!!


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Os dispostos se atraem

Em uma coleção, geralmente existe uma proposta. Por exemplo, formas arredondas, drapeados, modelagens largas. Nem sempre a proposta de um, condiz com as propostas dos outros, mas o que se vê comumente é uma harmonia de idéias, já que existem pesquisas e pesquisas de tendências ou o que muitos criadores chamam de inconsciente coletivo. Nos desfiles das últimas estações, vimos calças pantalonas como uma dessas indicações do que voltaria à moda, o que foi o suficiente para que análises contrastassem essas com as calças skinnys e anunciassem o seu fim.

As calças pantalonas são associadas ao movimento hippie, cujo ideal de liberdade em muito combina com os movimentos soltos e o conforto. Já as skinnys, modelos sequinhos usados bem apertados, são associadas a um visual mais rocker, tendo ícones do estilo musical como fiéis usuários. Iggy Pop e Mick Jagger são dois deles. Isso significa que devemos queimar nossas skinnys e rechear o guarda-roupa de pantalonas? Não exatamente. O anúncio de que algo está em voga e na Vogue não significa que o seu “equivalente contrário” sairá naturalmente de moda. Os contrastes convivem pacificamente.

As celebridades, espécie de sugadoras de tendências, ajudam a divulgá-las e dessa forma profetizar o que deve ser usado. E foi só as pantalonas desfilarem toda a sua leveza e movimento nas passarelas, para famosas como Katie Holmes e Mary Kate Olsen exibirem suas “soltinhas” para os paparazzis por aí. No entanto, apesar da maior proximidade do consumidor com os ídolos (atrizes, cantoras), do que com as modelos, que mais se parecem seres de outra esfera, a verdade é que tanto as larguinhas quanto as apertadinhas não caem bem em qualquer tipo de silhueta. Pantalonas ficam melhor naquelas de pernas compridas e as skinnys nas com quadris estreitos. A outra verdade é que skinny ou pantalona, cós baixo ou cós alto, reta ou boca-de-sino, o importante é autenticidade e bem estar, que não saem de moda e não são incomodados por paparazzis. E, além disso, é importante usar e abusar de contrastes sem precisar escolher uma coisa só. Ou não.


Estou cursando Jornalismo de Moda com a Iesa Rodrigues e o texto acima foi desenvolvido como trabalhinho de casa. Ela passou desenhos e as respectivas nomenclaturas de cada tipo de calça, dando um apanhado geral de suas histórias. Além de informativo, é super útil para quem se propõe a escrever sobre moda e eu já comecei a analisar os looks de maneira mais "da moda", digamos assim. Garimpando por aí, encontrei um glossário têxtil igualmente útil, com mais descrições e história e além disso, no próprio espaço da Iesa, o Estilo Iesa, tem glossário com direito a pronúncia e possíveis biquinhos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O charme discreto da burguesia

“Somo suspeitos de um crime perfeito, mas crimes perfeitos não deixam suspeitos”. O clássico dos Engenheiros do Havaí - alguém ainda admite que gosta de Engenheiros? - bem que poderia encaixar-se facilmente em outro clássico, o cinematográfico Estranha Compulsão (Compulsion). O filme de 1959, dirigido por Robert Fleischer é baseado no assassinato que chocou Chicago nos anos 20, cometido pelo casal de homossexuais Leopold e Loeb. Clássico esse, que já havia servido de inspiração para Hitchcock, onze anos antes, em Festim Diabólico (Rope).

Artie (Bradford Dillman), articulado e fanfarrão, e Judd (Dean Stockwell), sensível e misterioso assassinam brutalmente um jovem e acreditam não ter deixado pistas. No entanto, os óculos desse último, deixados acidentalmente no local do crime, levantam as suspeitas até que eles sejam desmascarados. Antes disso, enganam os investigadores e jornalistas, tendo Artie colaborado com as investigações com elucubrações que logicamente os inocentavam e culpabilizavam inocentes – demonstração da covardia e manipulação do rapaz. Ambos são jovens ricos e inteligentes. O primeiro, com uma família mais estruturada e cheio de mimos. Já o segundo, órfão de mãe e incompreendido pelo pai. A relação entre eles é de companheirismo e dependência. O homossexualismo fica entrelinhas e é disfarçado, mas é possível "ler", especialmente na cena em que o promotor constata que eles só tem um ao outro, não possuem amigos próximos. Judd se interessa por Ruth Evans (Diane Varsi), namorada do jornalista envolvido no caso Sidd Brooks (Martin Milner) e num discurso frio e confuso em defesa do assassinato, acaba se entregando e tentando atacá-la.
A única saída para impedir que os jovens sejam enforcados é a contratação de Jonathan Wilk (Orson Welles), advogado debochado e assaz competente. O advogado entre em um verdadeiro embate com promotor Harold Horn, defensor feroz do enforcamento. Jonathan Wilk defende a análise psicanalítica e a constatação da esquizofrenia e pertubação dos assassinos. A falação em que Jonathan discursa contra a pena de morte é a mais longa nesses moldes do cinema e é tão convincente que se você tiver convicções de defesa da pena de morte, corre sérios riscos de ser convencido do contrário.

O figurino, algo que muito nos interessa, é muito bom. Os mauricinhos aparecem sempre impecáveis e engomadinhos. Wilk usa suspensórios e coletes. Ruth Evans, tem um visual romântico e feminino. Chama atenção a cena de dança no salão onde os vestidinhos drapeados e todo o seu movimento, ajudam o bailado. Infelizmente consegui poucas imagens coletando na Internet, mas para quiser ver os assassinatos e Orson Welles, claro, em ação, o filme passará no canal Telecine Cult às 15:45 do dia 24/09 e às 09:40 do dia 26/09.

Prêmios: os atores Orson Welles, Bradford Dillman e Dean Stockwell ganharam um prêmio triplo pela atuação.O filme foi indicado à Palma de Ouro também.


Filmes que completam a trilogia de crimes reais de Robert Fleischer junto de Compulsion: O Homem que Odiava as Mulheres e O Estrangulador de Rillington Place.
Cartaz do filme


Judd e Artie

Artie, sua mãe e Sidd

Judd "encenando"

Promotor Harold x Jonathan Wilk

Só Wilk salva da pena de morte
Bons filmes e bom final semana a todos!

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

And the Dardos goes to...


Em minha incursão no mundo bloguesco, venho conhecendo muita gente bacana, inteligente, que escreve coisas interessantes e otimiza meu tempo gasto na Internet. E uma dessas recém conhecidas pessoas, a Tássia do Minha Xícara de Café, me presenteou com a grata surpresa do Prêmio Dardos, acertando em cheio o meu coraçãozinho. O presente é um mimo no qual “se reconhecem os valores que cada blogueiro mostra cada dia em seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.

O Prêmio Dardos tem certas regras:

1. Aceitar exibir a distinta imagem.

2. Linkar o blog do qual recebeu o prêmio.

3. Escolher quinze blogs para entregar o Prêmio Dardos.”

Os meus escolhidos são:

Bainha de Fita Crepe da Márcia Mesquita – o nome é ótimo e o conteúdo idem. Desde quando conheci e imitei a série álbum de família(aqui e aqui), virei leitora. A escrita é leve e o teor útil. Bom pra ir bebendo aos pouquinhos.

Pepper in Fashion – a Cláudia Pimenta traz um serviço de utilidade pública diariamente dividindo conosco informações e novidades. Bom pra aprender.

Oficina de Estilo pela adequação da moda de passarela e tendências à vida real e isso já diz tudo.

Meninas da Chocolate – Helena é criativa e inovadora. É ótimo conhecer quem está por trás dos blogs e/ou tentando um lugar ao sol no mundo da moda.

Hoje vou assim off (pras pobres) é divertido e traz as possibilidades de usar e abusar com a C&A, Renner, Leader, enfim, comprar barato e se vestir bem.

Fábrica de Moda – divulgação de roupas e acessórios bonitos ligados as últimas tendências.

Fashion Roll das amigas Gi e Rachel – moda e Roquenrol! Yeah!

Garimpo de Estilo, Louboutin Girls , Gente Fútil, Que moda é essa?! são as minhas últimas, mas não menos importantes premiadas. O restante eu divido entre a Tássia e todas as pessoas comprometidas em dividir informações, utilizando o blog de forma democrática e respeitosa. Uhú!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Fresquinha

Ontem aconteceu o encontro Fresh com a temática “design sustentável: a natureza como suporte na moda”. A discussão, extremamente atual, reuniu os representantes da Ecobag, Walfrido e Renata Soares, a representante do movimento Moda Fusion, Andréia e a estilista, designer e cenógrafa Ivana Curi. O projeto é organizado pela consultora de moda Hellen Pomposelli com o apoio do SENAC.

A discussão iniciou-se com o casal da Ecobag elucidando questões referentes ao meio ambiente e apresentando números alarmantes. Por exemplo: no Brasil, mais especificamente no Estado de São Paulo, gastam-se um bilhão de sacolas plásticas por mês. A iniciativa das “sacolas saudáveis” começou com o envolvimento de Wal com diversos movimentos como as hortas comunitárias e a jardinagem libertária. O questionamento do uso de plástico foi uma conseqüência – na verdade surgiu a partir das conseqüências muito nocivas do plástico para o meio-ambiente. O trabalho é sério com a preocupação de que a bolsa seja 100% biodegradável (feita de algodão, linhas 100% algodão, tinta à base de água). A preocupação se estende a geração de oportunidades e empregos, já que o trabalho é todo manual.

Posteriormente foi a vez da representante do Moda Fusion falar sobre a organização. O projeto é franco-brasileiro e foi a criado com a intenção de identificar nas ditas comunidades, grupos de pessoas que tivessem algum envolvimento com moda. Funciona assim: estilistas francesas passam 3 meses em dada comunidade, oferecendo suporte, conceito na criação das artistas locais. O suporte se desdobra em lançamento, distribuição e marketing dos produtos, expostos em uma coleção por ano, com a preocupação de uma moda ética.

Por último, Ivana Curi, responsável pela ambientação do último Fashion Rio, falou sobre os materiais sustentáveis utilizados. Para quem pensou que estava pisando em madeiras originadas de árvores no chão do evento, estava mesmo era passeando sobre uma “madeira artesanal”, feita de fibras de plásticos como apara de fralda ou saco de café. Impossível não lembrar das luminárias que mais se pareciam com bobs gigantes de cabelo, quando na verdade eram bobinas de máquinas industriais. Bobinas essas que eram madeiras em potencial. Ivana falou da individualização dos problemas na tomada da consciência ambiental e levou um vídeo com imagens chocantes pela consciência do desperdício.

No fim das contas, o que resta em comum a todos os discursos é a educação. É investir na educação ambiental de nosso país, que começa de não jogar lixo no chão à reciclagem. Antes disso é preciso que tomemos o problema e o dever como NOSSO. Ecobags podem ser super descoladas, mas de nada adianta se o descolamento não se estender a pequenas ações do dia-a-dia que fazem a diferença.

Os bobs-bobinas
A madeira que não era madeira

Infelizmente não levei a máquina e as fotos do celular ficaram péssimas...

Informação útil: o encontro FRESH acontece mensalmente e a entrada é gratuita (!) A edição de setembro não vai acontecer por conta do Moda + Inverno 2009. Assim que for revelada a data de outubro o Moda Pára Tudo divulga.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Danuza Leoa

Danuza Leão viveu de maneira intensa. De sua infância no interior do Espírito Santo a sua chegada no Rio de Janeiro aos 10 anos, sua adolescência e intimidade com grandes nomes das artes carioca, às idas a Paris, seus casórios e descasórios, os filhos... Tudo é narrado de maneira leve e gostosa de ler em Quase Tudo, sua autobiografia lançada em 2006. Com dois anos de atraso o livro chegou às minhas mãos, mas como bem dizia o homem das cavernas, profetizando em gravuras rupestres: antes tarde do que nunca. Começando com uma compilação de imagens de uma elegante e linda modelo, com direito a fotografias de Richard Avedon e capa da Revista Manchete, o livro “de capa” chama a atenção de quem possui algum interesse por Moda. Mais tarde a atenção se volta para a mulher incansável que aproveita as oportunidades que batem, às vezes literalmente, a sua porta. São as delícias de quem vive sem planejar e com grande capacidade de se reeguer ou mesmo de ir em Paris ser feliz e depois voltar. E no decorrer da leitura as atenções se desdobram – pela esposa, mãe, jurada de programa de calouros, dona de boutique, promoter, jornalista – tendo como pano de fundo o cenário político-social carioca, naturalmente inserido no contexto de todo um país. É leitura, no mínimo recomendável e no máximo, obrigatória. É bom saber de tudo. Ou Quase Tudo.

Legenda: ensaio para Harper's Bazaar em 1960, por Richard Avedon; fotografada por uma amiga em Paris; em ação no filme de Glauber Rocha "Terra em Transe"

O Livro: Quase Tudo - memórias - Danuza Leão. Companhia das Letras

Outros títulos: Danuza todo dia, Crônicas para guardar, As aparências enganam e Na sala com Danuza.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

De Avignon

Jim Avignon é um artista multimídia alemão que começou aos 21 anos expondo em clubes noturnos em Berlim, reafirmando o diálogo de sua arte com a música eletrônica. Seus trabalhos são divertidos e de traço único. Ele prefere vender 1000 imagens por um dólar que 1 por 1000 dólares. Demonstração desse "desapego" com sua obra deu-se em uma exposição em que as pessoas levavam para casa, de graça (!), uma das peças expostas. Sua careca e relação com a cena eletrônica até que lembram o Moby em uma versão mais engraçada. Seus desenhos, álbuns, folders e videoclipes dividem-se com trabalhos dedicados a crianças e aos pais brasileiros. Isso mesmo! Jim Avignon desenhou com exclusividade uma linha para a loja Imaginarium. A coleção DNA de pai, toda em preto e branco, traz canecas, aventais, mochilas e é uma ótima pedida para todo tipo de pai, já que a linha foi desenvolvida com a preocupação de atingir desde os pais caretas até os garotões. No site da Imaginarim, além dos produtos, uma exposição virtual bem-humorada conta mais sobre o artista. A exposição captou a atmosfera da obra de Avignon e é ótima vê-la, ouvindo os mp3s disponibilizados no próprio site.


Veja com exclusividade Frida Kahlo depilando o bigodinho!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pula, pu-pula, filha da pula!

No link abaixo está minha contribuição para a série Jump da Helena:
http://meninasdachocolate.blogspot.com/2008/07/srie-jump-fotos-priscila-oliveira.html

Trilha sonora pra pular:

Moda com os pés no chão

Conforme o prometido, posto uma entrevista com a coordenadora do curso de Moda da Faetec, Laila Cerqueira (foto). Com poucos anos a mais que eu, Laila é a responsável por coordenar o curso que conta com alunas com idade para ser sua mãe e uma equipe de dez funcionários. A idéia do projeto surgiu ainda na sua graduação, quando percebeu que alunos brilhantes eram perdidos por falta de condições financeiras. Sua formação é superior em Moda, M.B.A em Produção de Moda/Stylist e Licenciatura Plena em Educação Artística. Aprecio muito a sua coragem e o pensamento coletivo ao dedicar o seu tempo naquilo em que acredita. Suas repostas foram esclarecedoras.

Moda Pára Tudo: Quando e como surgiu a idéia do curso?
Surgiu na época em que eu estava cursando graduação em moda (2001). Pude perceber no bolso a dificuldade de se manter na faculdade pelo alto custo da mensalidade e pelo gasto diário com os materiais utilizados no dia-a-dia do curso. A faculdade de moda é um curso caríssimo! Hoje custa em média R$800,00 reais por mês e não existe nenhum curso técnico ou superior gratuito no Rio ou em São Paulo, ou seja, só os “ricos” têm a chance de se capacitar para entrar no mercado de trabalho. Um absurdo! Fico muito feliz com essa conquista. Em menos de um ano, o curso de moda da Faetec, sem divulgação, tem sido um dos mais procurados de toda a rede, superando os tradicionais.

MPT: De que maneira você conseguiu viabilizá-la?
Com muita coragem consegui marcar uma reunião com a professora Terezinha Lameira, na época (2003), vice-presidente da Faetec. Em cinco minutos consegui convencê-la da importância do meu projeto – de um curso gratuito e de qualidade no Rio de Janeiro, principalmente numa instituição com a Faetec. Ela acreditou na idéia e fui contratada.

MPT: Sabendo que esse é o primeiro curso técnico nesses moldes, que tipo de orientação vocês oferecem para os alunos?
Uma orientação acadêmica adequada as diversos segmentos da moda, procurando desenvolver a habilidade manual do aluno e a capacidade de resolver problemas, além do interesse por pesquisas e atividades culturais. Procuramos englobar temas sociais e culturais no nosso cotidiano, como por exemplo a consciência ambiental com o uso da reciclagem de materiais. De um modo geral, buscamos orientações necessárias para formar profissionais éticos, que compreendam o trabalho em equipe e sejam capazes de atuar no mercado.

MPT: Como é a sua relação com os alunos e de que maneira vocês driblam as dificuldades (as estruturais e a dos alunos)?
A minha relação com os alunos é a melhor possível. Na verdade é uma relação de troca, um acrescenta o outro. Aprendo muito com os alunos. Gosto de ver a evolução de cada um deles. Esse processo me alimenta, me traz muita alegria. Fico muito feliz em poder estar contribuindo não só com o crescimento profissional, mas também com o comportamento, a ética e a cidadania. As dificuldades são muitas, porém são dribladas com muita vontade. Quando você faz o que gosta, nada te segura: o trabalho flui melhor, o tempo passa rápido e as dificuldades viram desafios.

MPT: De que maneira a moda influencia sua vida?
De uma maneira saudável. Não respiro moda. Eu estudo, acompanho e divulgo.

MPT: Quem são seus ícones fashions?
A minha mãe, que além de ser linda e elegante, trabalha o dia todo com a educação no Brasil – isso já diz tudo –, é uma ótima profissional e consegue arranjar tempo para lamber a cria.

Agradeço a Laila, fofa e sempre disposta a ajudar.
Pra quem perguntou, o telefone do curso é 2299-1884. Formam-se turmas a cada semestre e é preciso fazer uma provinha para o ingresso.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Hey, Judy!

Zapeando na TV, me deparo com um rosto e uma voz doce e um jeitinho Dorothy que me chamam a atenção. Pronto! E era ela: Judy Garland, atriz que interpretou a Dorothy de O Mágico de Oz, em uma espécie de biografia no GNT. O seriado mostrava como nasceu a estrela. Uma menina delicada, porém dedicada, sofrendo pressões por não possuir uma beleza padrão da época – estamos falando da década de ouro de Holywood, de moças elegantes e magérrimas. A mocinha de olhos marcantes foi obrigada a assinar uma cláusula cruel no qual constava que ela não poderia engordar, nem tampouco perder a voz. Com uma relação nada amigável com a mãe e tendo perdido o pai e cada vez tomando mais e mais pilulazinhas que a impedissem de perder a silhueta de menina, o fim da história não é daqueles de volta por cima. Ao contrário, ela se afunda mais e mais, sem direito a idas e vindas na rehab e como bem disse antes, sem um pai que dissesse yes, yes, yes. Enfim, além do drama de sua história, no seriado a mãe de Liza Minelli usava roupas que reafirmavam um jeito menina desprotegida. Forçado ou não, o resultado era fofíssimo! Resolvi pesquisar e dividir o que garimpei da bonequinha que não soube lidar com o luxo.