O texto abaixo foi um exercício do curso de Jornalismo de Moda, inspirado em um designer cujo nome foi-se com a memória, que escreveu um livro dedicado a narrar "coisas que havia aprendido com a vida". Nesses moldes, nos dedicamos a "o que aprendemos com a moda até hoje". A reflexão foi válida e eu recomendo. Lá vai:
Odeio listas. Sempre acho que a disposição dos itens corresponde ao nível de importância/ desimportância que cada um representa em nossas vidas. Não consigo ter o desprendimento de simplesmente localizá-las sem pensar que a primeira é mais relevante que a última ou vice-versa Por isso me utilizarei da maneira que me isenta desse martírio. Discorrendo, sem pontinhos crescentes ou decrescentes.
O que eu aprendi com a moda até hoje? Aprendi a olhar as coisas de maneira diferente, processo naturalmente comum quando nos dedicamos a certo campo de conhecimento. Olho pessoas, filmes, objetos, pinturas de maneira diferente. De maneira mais estética, sem esquecer minha formação anterior – a "histórica", que não cheguei a completar.
Tento fazer com que as coisas as quais me dediquei em toda vida se emaranhem, se completem e ganhem sentido. Aprendi que apesar de moda ser moda e arte ser arte, é possível que uma peça de roupa tenha todo um conceito extraordinário por trás de uma maluquice, assim como essa última, geralmente mais respeitada que a primeira. E eu posso respeitar conceitos artísticos sem apreciá-los. Dessa forma, me dispo de preconceitos na hora de respeitar e geralmente apreciar a moda. Aprendi a ficar bastante instigada a descobrir o conceito, a enxergar referências. Entendo "referência" de outra forma, hoje em dia. Entendo que tudo é referência e que essa nos move. Em tudo: trabalhos, textos, no vestuário e até mesmo em pequenices como na decoração de uma árvore de Natal, por exemplo. Aprendi que essas referências se refletem nos códigos de comportamento. Está no agir, no pensar, no falar, nos modus, enfim.
Aprendi que o aprender nunca esgota, mas isso foi antes da moda, antes da História. Provavelmente foi uma das primeiras coisas que aprendi. Enumeradas em parágrafos, sem pretensão de estima e resumidamente, isso foi o que aprendi até aqui com a moda. Óbvio que hoje sei diferenciar um prêt-à-porter de uma alta costura. Sei que Yves Saint Laurent deixou um legado incrível e que Ronaldo Fraga é poesia quase sempre. Mas o que escolhi para elucubrar meus pensamentos vai além de um conhecimento técnico
Por último, mas não menos importante, por favor, aprendi que a moda é uma paixão dessas que me surgiu sem que eu esperasse. Não como aquelas paixões cultivadas desde o berço. Essas, apesar de bonitas e de renderem histórias compridas de amor, já não existem mais. Nesse império do efêmero, me apaixonei repentinamente, mas espero que de paixão, se converta num amor maduro. Desses que já não existem mais.