sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Passarela negra?!

Ontem no Fashion Rio rolou uma manifestação de modelos negros que protestavam contra a falta de espaço no mercado. No JB, li o depoimento de um rapaz que está há oito anos no ramo e NUNCA desfilou no evento! Em reportagem na TV acerca do assunto, Mara Mac falou da preferência de alguns estilistas por modelos brancas. Na mesma reportagem, falou-se da predileção dos negros para desfiles da primavera-verão. Em tempos onde tanto se discute e se defende uma moda genuinamente brasileira, esse espaço diminuto dedicado aos negros é tradução de como estamos ainda agarrados ao modelo europeu. E digo mais, agarrados também a um racismo tão enraizado que faz as vezes de inexistente, mas que só se afirma quando de situações assim. Eu me envergonho... Especialmente pela falta de valorização do nacional, pela necessidade de um reconhecimento internacional quando aqui, esse é tão pequenino. Já ouvi que esse meu discurso é pré-estabelecido, mas ao meu ver, "estabelecido" aqui, são uns valores discursados, mas que não existem na prática! É o famoso "falar é fácil"... Espero mesmo que a nova safra de estilistas, com todo a aura de novidade, inovem em algo que deveria dispensar manifestações, porque poderia ser um fato nas passarelas... Do contrário, vai ser bossa nova velha demais...

2 comentários:

phillip spotter disse...

Do pouco que vejo de moda, seja na internet, tv ou jornais/revistas, percebo que ainda há uma dependência brasileira em relação ao mercado de fora. Isso se deve à pequena parcela da população brasileira que sabe o que está acontecendo sobre moda. E que, por sua vez, é consequência da restrição econômica que existe nesse mercado.

Acho super importante se falar dessa questão do racismo sim, porém é preciso paciência até chegarmos à moda genuinamente brasileira. E ela só virá quando houver democratização da dita cuja.

O Brasil parece estar crescendo, o mercado como um todo se desenvolvendo, e, assim como um bebê lançado ao mundo liberal, estamos começando a falar nossas primeiras palavras: mamãe e petróleo.

beeeijo-tchau!

Priscila de Oliveira disse...

acho que a tal dependência ultrapassa a culpa do povo, sabe?! É por aí também, mas sendo o povo mais paciente que agente, culpo os valores enraizados nas cabecinhas dos ditos ditadores da moda.

Mamãe e petróleo?! Coitado do papai nessa história... =D